quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Teoria Documental






TEORIA DOCUMENTAL- O séc. XIX foi marcado pelo evolucionismo de Darwin, e por uma visão antropocêntrica da religião e pelo pensamento deísta que na época já existia e aos poucos estava ganhando força nos vários seguimentos da sociedade.
Nesta época a religião passou a ser vista como algo meramente humano, fruto de necessidades subjetivas do homem. Para os filósofos do séc. XIX não existia nada de sobrenatural na religião. Para eles a bíblia, era apenas um livro que contava histórias, que nada mais eram, senão fruto da imaginação humana.

Neste contexto sugiram homens que passaram a defender teorias arbitrarias a bíblia; foi neste contexto também que se desenvolveu a teoria documental como ficou conhecida. O que é teoria Documental? A teoria Documental ensina que os primeiros cinco livros da bíblia foram escritos muito tempo depois da morte de Moisés, como resultado de um processo de escrita, e reescrita, editoração e compilação, por parte de vários editores ou redatores anônimos.
O seu principal expoente foi Julius Wellausen, que em 1895, deu os acabamentos finais a esta teoria. No entanto, vale apena ressaltar que outras pessoas já vinham trabalhando com algo semelhante em séculos anteriores, como por exemplo: O judeu Benedito Espinoza que em 1670, criou uma versão de que o Pentateuco (os cinco primeiros livros da bíblia) não teria sido escrito por Moisés. Espinoza argumentava que o Pentateuco não poderia ter sido escrito por Moisés uma vez que a narrativa era feita na terceira pessoa “ele” e não na primeira “eu”; outro argumento usado por Espinosa, é que Moisés não poderia ter narrado a sua própria morte que é descrita no capitulo 34 de Deteuronômio logo, segundo ele Moisés não é o autor do Pentateuco.
Depois de Benedito Espinoza ter levantado estas conjeturas, mais na frente surgiram outros nomes como o do médico francês Jean Astruc, que em 1753, levantou uma hipótese que segundo ele dois documentos diferentes tinham sido incorporados ao livro de gênesis por intermédio de Moisés no processo de redação do livro; pois Jean Astruc ficou intrigado com o fato de que no primeiro capitulo de gênesis Deus é chamado de Elohim e no segundo capitulo ele chamado Yahweh... Isso o levou a concluir que Moisés tinha usado dois documentos diferentes, um em que o autor só conhecia Deus com o nome de Elohim e outro em que o autor só conhecia a Deus com o nome de Yahweh; na concepção de Jean Astruc Moisés não é o autor do livro de gênesis e sim, um mero copiador e nada mais do que isso. Mas a este respeito iremos tratar mais tarde em refutar estas conjeturas que estão sendo expostas como “verdades”; por enquanto iremos apenas analisar as objeções de cada uma delas procurando entende-las para só depois refutá-las.
Mas tarde em 1800, a hipótese de Jean Astruc é ridicularizada por Geddes, que era padre da igreja católica romana. Ele afirmou que não existiam apenas dois documentos de que Jean Astruc falara; segundo ele existia uma grande massa de documentos fragmentados, que teriam sido costurados uns aos outros por algum redator, cerca de 500 anos depois da morte de Moisés, sendo que este redator é alguém desconhecido.
A teoria de Geddes, mas tarde por volta de 1802 ou 1805, foi objeto de estudo do alemão, Johann Vater, que acabou por desenvolver a teoria de Geddes. Johann Vater ao desenvolver esta teoria procurou mostrar que o Pentateuco se desenvolveu gradativamente, à medida que os vários fragmentos foram sendo reunidos ao longo de vários anos chegando a um total de trinta e oito fragmentos. Segundo Johann Vater alguns destes fragmentos de fato é do tempo de Moisés, mas o Pentateuco conforme conhecemos hoje só teriam sido copilados por volta do ano 586 a.C no exílio de Judá.
Parece que as idéias de Johann Vater, foram adotadas pelos teólogos da igreja católica romana, pois quando falam do Pentateuco e narram à criação Divina encontramos o seguinte comentário em uma bíblia católica:
“Nesses cincos livros (Pentateuco) encontramos histórias e leis que forram postas por escrito durante seis séculos, reformulando, adaptando e atualizando tradições antigas e criando novas. Tanto as histórias como as leis giram em torno de um centro: o ato libertador de Deus no êxodo que é o ato fundante de Israel. As histórias aí contidas, na sua maioria, nasceram no meio do povo e, primeiramente, eram histórias de famílias, de clãs e de tribos que procuravam transmitir oralmente, de geração em geração, ensinamentos e fatos. Mais tarde essas histórias foram reunidas, modificadas e interpretadas para que todo o povo de Israel pudesse se espelhar nelas e para que elas expressassem a fé em Javé, o Deus que liberta”.
Ainda na bíblia católica, na parte que fala da criação em Gênesis cap. 1 encontramos o seguinte comentário:
“A narrativa da criação não é um tratado cientifico, mas um poema que contempla o universo como criatura de Deus. Foi escrito pelos sacerdotes no tempo do exílio em 586-538 a.C. na Babilônia.”
Estes comentários a cerca do Pentateuco são um forte indicio de que os teólogos da igreja católica romana fizeram uso do pensamento de Johann Vater, na interpretação do Pentateuco. Mas deixemos esta hipótese de lado e passemos para a próxima etapa da teoria Documental.
A próxima etapa se deu em 1885, com os estudos de Wilhelm M. Wette, no livro de Deuteronômio. Wilhelm M. Wette fez uma critica ao Pentateuco afirmando que nenhuma parte do Pentateuco vinha de um período anterior a época de Davi; e quanto ao livro de Deuteronômio afirmou que este era o livro da lei que o sacerdote Hilquias achou no templo em Jerusalém no período das reformas de Josias, conforme o relato de (II Reis 22), na opinião dele o rei o sacerdote se uniu com o propósito de abolir os sacrifícios Jeová fora da capital; segundo Wilhelm Wette a centralização do culto contribuiria para duas coisas basicamente: a primeira seria a unificação política de todas as partes do reino; e a segunda é que todas as contribuições financeiras dos piedosos viriam a encher os cofres dos sacerdotes em Jerusalém, beneficiando assim, tanto ao rei como ao sacerdote.
Portanto, na opinião de Wilhelm M. Wette o livro de Deteuronômio teria sido algo forjado para beneficiar a campanha governamental de Josias; quanto à data da composição do livro ele situa em 621 a.C. que a data das reformas de Josias. E assim, surgiu a teoria do documento D, que por sua vez e distinto e inteiramente separado dos documentos J e E quanto à origem; aumentando assim, a lista de fontes do Pentateuco que chegou a incluir três documentos: E (que seria o documento mais antigo), J (que é Javísta na pronuncia aportuguesada) e finalmente, o documento D, que seria do fim do sétimo século antes de Cristo.
“Outros estudiosos acreditam que o Pentateuco foi composto em várias etapas, desde Ezequiel com seu código de santidade em 570 a.C até chegar a Esdras, escriba versado na lei de Moisés,” sob cuja direção as últimas seções sacerdotais foram acrescentadas à tora. Este documento ficou conhecido como documento sacerdotal (designado pela letra P, primeira letra da palavra alemã Priesterkodex ou “livro dos sacerdotes”); o documento P se preocupa com uma narrativa sistemática das origens e instituições da teocracia israelita. Demonstra um interesse especial nas origens, nas listas de genealogia, e nos detalhes do sacrifício e do ritual.
Depois de termos analisado cuidadosamente cada uma desta conjeturas que foram levantadas acerca da autoria do Pentateuco, passaremos agora a refutar cuidadosamente cada uma delas na mesma ordem em que foram expostas até aqui;
O argumento usado no inicio por Benedito Espinoza é que dificilmente o Pentateuco poderia ter sido escrito por Moisés, uma vez que não é utilizada no texto a primeira pessoa e sim a terceira, além disso, como o poderia ter narrado a sua própria morte.
O argumento de Espinoza é fraquíssimo, pois, ele não leva em conta o fato de que autores antigos também fizeram uso da terceira pessoa para se referirem a si mesmo, e ainda hoje autores conhecidos ainda continuam fazendo uso da terceira pessoa em referencia a si mesma. Além disso, todo o novo testamento está cheio de referências onde Jesus e os apóstolos falam do Pentateuco como sendo os livros da lei Moisés ou a lei de Moisés, vejamos alguns textos que comprovam isto:
“importavas se cumprisse tudo o que de mim está escrito na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos.”
“Ou não lestes na lei”...
“Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas escritas no livro da lei para praticá-las.”
“Porque, se de fato crêsseis em Moisés, também creríes em mim; Porquanto ele escreveu a meu respeito”.
“E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as escrituras.
“Disse na verdade, Moisés: O Senhor Deus suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser.” (Lc 24:44; Mt 12:5; Gl 3:10; Jo 5:46; Lc 24:27; At 3:22). Quanta a questão da narração da morte de Moisés no texto de Deuteronômio, possivelmente este relato foi acrescentado posteriormente por Josué (sucessor de Moisés); mas o fato é que a noticia da morte de Moisés em momento algum reivindica ter sido escrita por ele. Além do que não devemos tomar isto como pretexto para se afirmar que o Pentateuco não foi “escrito por ele”.
Quanto ao argumento de Jean Astruc, de que Moisés, teria usado duas fontes diferentes para escrever Pentateuco, uma onde o autor só conhecia a Deus como Elohim e outra em que o autor só conhecia a Deus como Yahweh, este argumento não procede e pode ser refutado com muita facilidade; é só observar o contexto em que cada um destes nomes é mencionado e facilmente chegaremos à conclusão de que Moisés não está fazendo uso de outras fontes, como afirma Jean astruc.
Gênesis cap. 1 apresenta Deus como o Criador do universo e o Soberano de toda a criação, sendo apropriado somente o titulo de Elohim; enquanto que em Gênesis cap. 2 mostra Deus se relacionado com o homem (Adão e Eva) e entrando em aliança como eles, sendo, portanto, apropriado somente o titulo de Yahweh. Portanto, fica claro o porquê que em Gênesis cap. 1 ele usa um nome para falar de Deus e em Gênesis cap. 2 ele usa outro nome para se referir a mesma pessoa (Deus).
A argumentação de Geddes em favor da sua teoria que afirma que existia uma grande massa de documentos e que com o tempo alguém reuniu todos eles e costurou uns aos outros, até forma o Pentateuco, também é algo infundado porque ele parte de um pressuposto que ele tem em mente, mas, no entanto ele não apresenta nenhuma prova ou evidência em favor desta teoria; Geddes nem se quer apresenta algum argumento lógico o suficiente que der a ele o beneficio da dúvida. Não podemos incorrer no erro de acreditarmos em qualquer coisa que é apresentada como “verdade” sem antes averiguarmos melhor para saber se tal conjetura procede ou não. Asseverar algo sem poder provar é algo, no mínimo ingênuo para não dizer medíocre.
Johann Valter fala do Pentateuco como se ele tivesse se desenvolvido gradativamente, à medida que os vários fragmentos foram sendo reunidos ao longo de anos... Sendo que o Pentateuco como conhecemos hoje só terminou a sua completude no ano 586 a.C. no exílio de Judá.
Embora Johann Valter fale do Pentateuco como tento sido escrito durante o período do exílio de Judá as evidências apontam em outra direção totalmente oposta em relação a esta. Visto que se de fato o Pentateuco tivesse sido escrito neste período, não teria como o autor apresentar tantos detalhes que são próprios da época. Vejamos a riqueza de detalhes nos são apresentados dentro do Pentateuco:
Em Êxodo 15:27, o autor registra o número exato de fontes (doze) e de palmeiras (setenta) em Elim. Número 11:7, 8 registra a aparência e paladar do maná com o qual Deus alimentou Israel.A geografia da região também muito conhecida do autor pois, ele descreve muitos lugares da época (Nm 35:1; 35:10; Êx 12: 37,38; 3:1) Todos estes detalhes indicam que o autor de fato participou dos acontecimentos doutra sorte não teria como ele apresenta as coisas com tanta minúcia.
Esta refutação também se aplica aqueles que dizem que o Pentateuco foi composto em várias etapas até chega até chega às mãos de Esdras que foi quem deu os “acabamentos finais”. Esdras que viveu séculos depois de Moisés, não poderia descrever as coisas com tantos detalhes.
Quanto ao argumento de Wilhelm Wette, que afirma que o livro de Deteuronômio teria sido forjado para contribuir na campanha governamental do rei Josias, e para unificar o centro de culto em Jerusalém, beneficiando também os sacerdotes que através desta unificação arrecadariam mais ofertas dos fies que visitassem o novo centro de culto; Este argumento é infundado visto que, não é apresentado nenhum indício histórico ou escriturístico que aponte para tal conjetura.
A bíblia fala em II Rs de um livro que foi encontrado por Hilquias mas, em momento algum é mencionado que este livro seja Deteuronômio; a única coisa que é dita a respeito deste livro, é que ele é o livro da lei... Provavelmente seja uma forma de se referir ao Pentateuco como um todo, e não apenas a uma parte dele isoladamente (Deuteronômio).
Em II Rs é dito que Josias fez reformas de cunho religioso e renovou a estrutura física do templo, e aboliu os sacrifícios aos ídolos mas, em momento algum a bíblia diz que ele tenha abolido os sacrifícios a Deus fora de Jerusalém conforme afirma Wilhelm Wette, quanto comenta a respeito das reformas de Josias... Portanto, não podemos incorrer no erro de deixa o nosso subjetivismo falar mais alto do que às evidências lógicas que estão diante de nós nem, podemos interpretar a bíblia conforme as nossas conveniências.
CONCLUSÃO
Depois de toda esta dissertação fica claro que precisamos rejeitar teoria documental como explicação da composição do Pentateuco. Essa teoria se mostra complica, ilógica e cheia de equívocos; e além do mais ela está alicerçada sobre pressupostos que nunca foram comprovados.
Todos estes expositores que foram citados defendem a teoria documental, por uma única razão porque não crêem na autoridade e inerrância das escrituras e, portanto, rejeitam a autoridade mosaica do Pentateuco... “Tentando por em dúvida a credibilidade do antigo testamento, ou melhor, a credibilidade da bíblia como um todo”. No entanto, todos os pressupostos desta teoria nada mais são do que o lixo, do liberalismo teológico; esta teoria deve causar em nós nojo e repugnância ao liberalismo teológico.

Nenhum comentário: